Doença de Alzheimer

Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 2 milhões de pessoas vivem com alguma forma de demência no Brasil, sendo que o país apresenta a segunda maior taxa mundial da doença de Alzheimer. Com o envelhecimento da população, esses números aumentarão nas próximas décadas, o que trará maior pressão aos sistemas de saúde.

Os pacientes com essa doença se tornam cada vez menos autônomos e mais dependentes de seus cuidadores, familiares e entes queridos. Com isso, é importante conscientizar-se sobre as possíveis causas da doença de Alzheimer, bem como seus principais sinais clínicos, formas de diagnóstico e tratamento.

História da doença de Alzheimer

Inicialmente chamada de “mal de Alzheimer”, a doença foi assim nomeada em referência ao médico alemão Alois Alzheimer, responsável pela sua primeira descrição, em 1906, após estudar os casos de seus pacientes.

Sua paciente mais conhecida, Auguste Deter, sofria de problemas de memória e diversas condições psiquiátricas. Após sua morte, em 1901, foi realizada uma autópsia do cérebro de Auguste, que revelou atrofia cerebral e um acúmulo de certas proteínas, especificamente placas da proteína beta-amiloide, além de neurônios contendo emaranhados da proteína tau. Nos anos seguintes, o Dr. Alois reportou outros casos similares, levando ao reconhecimento do diagnóstico da doença de Alzheimer.

Principais causas

A doença de Alzheimer afeta principalmente idosos com mais de 65 anos de idade, com a grande maioria sendo diagnosticada após os 75 anos; porém, casos raros (cerca de 5%) desenvolvem a doença antes de atingir 65 anos.

Apesar dessa condição não possuir uma única causa definitiva, alguns fatores genéticos e ambientais conferem maior risco para o seu desenvolvimento.

Por exemplo, certas variações no gene APOE, que atua na regulação do metabolismo e transporte de lipídios, conferem um risco elevado de desenvolver a doença de Alzheimer. Essas variações apresentam pequenas diferenças na sua sequência de DNA e são chamadas de “alelos”. No caso de APOE, os portadores do alelo ε4 são mais propensos a desenvolver a doença, em comparação com os portadores do alelo ε3, que é mais frequente na população.

Alguns estudos também apontam um risco maior para mulheres, pessoas com níveis menores de escolaridade, portadores de doenças cardiovasculares, diabéticos e obesos.

Sinais e sintomas

Apesar da doença de Alzheimer ter se tornado sinônimo para perda de memória, os portadores sofrem com uma perda progressiva das habilidades cognitivas, apresentando sintomas variados conforme diferentes áreas do cérebro se degeneram.

Na fase inicial da doença, a depressão e os sintomas relacionados à memória são mais notáveis, enquanto a maioria das habilidades psicomotoras permanecem conservadas. Com o passar do tempo, os pacientes apresentam confusão e desorientação, alterações de humor, agressividade, mudanças na personalidade, comportamentos inadequados e dificuldades com tarefas do dia a dia.

A progressão da doença leva a uma piora dos sintomas e à perda da autonomia, com os pacientes se tornando cada vez mais dependentes de seus cuidadores, que na maioria dos casos são familiares e entes próximos.

Diagnóstico da doença de Alzheimer

Existem diversas maneiras de se diagnosticar a doença de Alzheimer. Testes neuropsicológicos e exames neurológicos e físicos podem avaliar a capacidade cognitiva e psicomotora do paciente. Para se obter resultados mais conclusivos, são realizados exames de imagem, a fim de detectar alterações morfológicas no cérebro, e exames de sangue ou do líquido cefalorraquidiano, para detectar o acúmulo das proteínas tau e beta-amiloide, que atuam como biomarcadores da doença.

Figura 1. Representação gráfica ilustrando cortes transversais e longitudinais de cérebros saudáveis (à esquerda) e de pacientes com a doença de Alzheimer, mostrando atrofia cerebral (à direita).

Tratamento

A doença de Alzheimer ainda não possui cura, porém, existem tratamentos para aliviar os sintomas, que utilizam uma abordagem multidisciplinar envolvendo medicamentos, atividade física e estimulação cognitiva. O tratamento busca atrasar a progressão da doença, estabilizar ou possivelmente recuperar algumas perdas cognitivas.

Fontes: Mayo Clinic, Ministério da Saúde