O câncer de pele pode ser dividido em dois principais tipos: o melanoma, que é originado por uma alteração dos melanócitos, um tipo celular que produz o pigmento que confere a coloração da pele (melanina), e o câncer de pele não melanoma, que ocorre em células epidérmicas. O melanoma, apesar de representar apenas 1% de todos os casos de tumores de pele malignos, é o tipo mais agressivo de câncer de pele e apresenta uma sobrevida entre 15 e 20% após 5 anos de seu surgimento. Já os tipos de câncer não melanoma representam 95% dos casos e são oriundos de fatores genéticos e ambientais. Este tipo de câncer basicamente pode ser dividido em dois tipos: carcinoma de células cutâneas escamosas e carcinoma de células basais. Diversos estudos têm mostrado que estes dois tipos de câncer têm crescido de 3 a 8% ao ano desde 1960, sendo que os homens enfrentam maiores riscos de desenvolverem este tipo de câncer devido a maior exposição ao sol.
Apesar de haver muitos fatores associados ao câncer de pele, a radiação ultravioleta (UV) proveniente dos raios solares é de longe a causa etiológica mais predominante. Há uma cascata de mecanismos moleculares envolvidos em seu desenvolvimento, promovidos pela indução dos raios UV como a inibição de supressores tumorais, aumento do dano ao DNA, resposta inflamatória, mutações genéticas, estresse oxidativo, imunossupressão e indução de mecanismos apoptóticos, os quais modificam de forma contundente o ciclo celular e sua fisiologia normal.
Entre os raios UV promotores da doença, temos os raios UV-A que produzem espécies reativas do oxigênio (ROS – reactive oxygen species) que reagem com moléculas lipídicas e proteicas produzindo substâncias capazes de combinar com o DNA e promover sua quebra, já os raios UV-B, que são os mais carcinogênicos, promovem danos estruturais no DNA e RNA, causam resposta inflamatória e formação de tumores. Os raios UV também atuam na proliferação das células da pele, levando a carcinogênese por disfunções em células apresentadoras de antígenos e produção de citocinas imunossupressoras.
No Brasil, o câncer de pele representa 33% de todos os casos de câncer, sendo que a cada ano temos em torno de 185 mil novos casos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Apesar deste tipo de doença ser mais comum em indivíduos acima dos 40 anos de idade, tem se notado seu surgimento de forma cada vez mais frequente em indivíduos mais novos, fato explicado pela incidência cada vez maior de raios UV em nossa atmosfera devido à destruição da camada de ozônio. Estima-se que a cada 1% de destruição desta camada, aumenta-se em 2% o número de casos de câncer de pele.
A boa notícia é que a maioria dos casos de câncer de pele podem ser curados, muitas complicações e desfechos desfavoráveis podem ser evitados se identificado nos estágios iniciais e até mesmo o seu tipo mais agressivo, o melanoma, que apesar de não ter cura, pode ser tratado e não interferir de forma significativa na vida das pessoas acometidas. Isso se deve ao uso de terapias-alvo em genes que regulam a proliferação celular, fazendo com que as células cancerígenas cresçam e se multipliquem rapidamente, gerando metástases. Podemos citar como exemplos os genes BRAF e MEK, que produzem proteínas que regulam o ciclo celular e sua divisão. As terapias-alvo atuam nestes genes ou em seus produtos bloqueando os estímulos celulares e impedindo assim esta proliferação e crescimento desordenado.
No entanto, a prevenção sempre será a melhor conduta a ser seguida, evitando a exposição solar nos horários de maior incidência dos raios UV (período das 10:00 às 16:00 horas), uso de roupas que protejam a pele da exposição direta ao sol e uso de protetores solares diariamente, principalmente em momentos de lazer ao ar livre.
Referências:
https://www.melanomabrasil.org/voce-sabe-o-que-sao-braf-e-mek/
https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/pele-nao-melanoma
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2090123221001235#f0035
https://accamargo.org.br/sobre-o-cancer/tipos-de-cancer/pele-nao-melanoma
Conteúdo elaborado por Thiago Guerino – Gerente de Produto do Brasil Apoio